03/11/09

Campeonatos do mundo e outras coisas realmente pouco importantes II: O surf turismo massificado

Associado ao turismo dos campeonatos, está também o turismo de surf de forma massificada, o qual tem sido alvo de estudos universitários e financeiros sobre a sua viabilidade e benefício económico para o país. Um "cluster" (mercado-alvo) por explorar dizem as iminentes figuras que se esqueceram de colocar nas suas equações matemáticas a mais importante variável que acenta no simples facto de que o excesso de praticantes não ser compatível com o desenvolvimento sustentável e sustentado da actividade e que ao massificar tendo em vista objectivos de milhões de euros por ano se mata a galinha dos ovos de ouro.

Num desses estudos era apresentado um panorama no qual 10 Km de costa portuguesa com ondas de qualidade e que tivessem em permanência 2000 (dois mil) turistas a ficarem na zona uma semana representaria uma receita anual de 100 milhões de euros. Ora 2000 turistas divididos por 10 Km daria 200 turistas por cada km ou seja 5 pessoas por metro, o equivalente à lata de sardinhas. Acrescentando a estes 2000 turistas outros 2000 residentes (certamente que serão muitos mais) dá para entender que algo iria correr muito mal com todos estes muitos mil praticantes dentro de água a disputarem ondas e claro está que esses 2000 turistas apenas teriam acesso aos restos de ondas que os residentes (já de si demasiados) lhes deixassem. Exemplos negativos como este são uma realidade na Austrália, California, Canárias e no Havai com todas as consequências negativas conhecidas ao mesmo tempo que continuam a existir projectos de engenharia marítima que poêm em risco alguma ondas conhecidas e que atraem milhares de turistas.

Até entendo a lógica bem intencionada de quem fez este estudo que teria como finalidade mostrar que a preservação das ondas poderia ser uma mais valia para a economia de uma região, mas na realidade este estudo é apenas baseado em factores técnicos esquecendo o factor humano que é o mais importante e complexo na avaliação de qualquer situação. Por outro lado colocar a questão apenas no dualismo: turismo massificado versus destruição das ondas é reduzir as opções, anular a democracia em que vivemos (ainda é uma democracia, não é? ou pelo menos dizem-nos que sim...) e apresentar argumentos errados para a resolução dos problemas ao mesmo tempo que se criam novos problemas em cima dos já existentes.

1 comentário:

o corvo vicente disse...

“The current rage in your magazine appear to be nostalgia, the good old days, the lives of those great watermen of yesteryear, and how surfing has changed from a genuine thrill to a continuum of phases and fads on a commercial battleground… I feel it’s time for SURFER (ler revistas de surf em geral) to take its share of the blame. Your influence in the surfing world and in the changes it has undergone are fantastic. You were and are now completely free to make the rules, set the styles, elevate whoever you want to the limelight, and to advertise the most voluminous pile of faddy crap I’ve ever seen… How many people really ‘go surfin’ anymore? Isn’t it really something else now?”

The author of the letter was Will Batemen, and the year was 1977.

Modern complaints.