O Lobo Solitário representa a mais elevada forma de dedicação ao Mar e ás Ondas. O Lobo Solitário percorre o mundo em busca da onda perfeita, do dia épico e daquele momento único, que talvez não se repita novamente ao longo da sua existência. O seu objectivo de vida é esta busca, desprovida de qualquer intenção de reconhecimento, ego, fama ou interesses financeiros. O Lobo Solitário vai sozinho, encontrando por vezes outros iguais, na sua busca pessoal por alimento espiritual que apenas a energia da Ondas proporciona. Apenas isto é principal. Tudo o resto é supérfulo, acessório, pouco importante e sem qualquer sentido ou justificação. O Lobo Solitário alimenta-se em paragens despovoadas e inóspitas onde apenas pode contar consigo mesmo.
Este espírito indomável representa a essência de surfar e por isso mesmo esta figura sofre de plágio, por parte do surf-business que através dos seus cães de guarda, lhe tentam usurpar falsamente o lugar. Um exemplo disto pode ser visto no recente filme "The Drifter" no qual um tal de Rob Machado (um cão de guarda que dizem ser importante...) aparece como alguém que, farto dos campeonatos e do "crowd" que o próprio ajudou a aumentar na Indonésia, finge ir sozinho à descoberta da "onda perfeita e sozinha". Tudo neste filme é um fingimento e uma ficção que se tenta passar como verídica para o mais desatento espectador. "Sozinho", mas com um jipe sempre atrás, com o seu "staff" de apoio, pranchas novas, cameras de filmar, fotografar e tudo o resto finge enfrentar uma série de privações e desafios, que seriam realmente genuínos se tivesse a coragem de fazer deste filme de ficção uma realidade e aventurar-se realmente "by himself", mas isto não lhe pagaria o ordenado, pois não traria qualquer retorno à marca que o sustenta e a quem presta vassalagem. É de notar as roupas velhas, o cabelos descuidados e o corpo sujo, mas sempre com a sua mochila em óptimo estado na qual se pode ler a marca que o patrocina. Resumindo o filme é uma falsidade e uma ofensa a todos aqueles que têm a coragem de sozinhos aventurarem-se pelo mundo contando apenas com a sua força e a sua vontade.
O Lobo Solitário, na sua essência, corre o risco de se extinguir, sendo substituido por um falso e oportunista cão de guarda.
9 comentários:
Sem sombra de dúvida uma escrita que dá gosto ler...é continuar e sempre algures por aí :))
Obgda
Weipa! Só hoje é que soube quem eras...! Abraço e continuação de bons textos vou seguir o blogue ainda mais vezes!
Tenho vários textos e temas em preparação aqui para o blog, que pretende ser acima de tudo um espaço de ideias alternativo ao modelo actual de pensamento neste contexto. Não pretendo agradar a todos e certamente não o farei. Fico satisfeito se apenas alguns se identificarem com as ideias base aqui descritas, ainda que não concordem com todas.
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Tito,
Certamente um amigo comum fez as devidas apresentações ainda que de forma não presencial. Também vou sempre passando no teu blog.
um abraço para ti.
Eu também vi o The Drifter e achei muito cliché... Aquela parte em que ele está no taxi e em andamento vê uma mota à venda e manda parar para comprá-la... Ridículo...
Já viste o "One California Day"?
diz-me por favor mais especies de bodyboarders pois eu não me identifico com nenhuma destas...obrigado
Isto é a MANEIRA CERTA DE POR AS COISAS.
Original.
Eu até gosto do Rob Machado, mas na verdade é o que se chama uma pouca vergonha. Marketing uber alles é o lema da indústria do surf. E a galinha dos ovos de ouro está moribunda e não há quem se aperceba. Só uns quantos "altaresmares" que, vistos como patetas pelos iluminados da nossa sociedade, se insurjem contra o estado podre das coisas. Continua a chagar-lhes a pinha, altarmar!
Não pretendo neste texto identificar todas as espécies existentes. Deixo isso para alguns textos a escrever mais á frente ou para algum sociólogo interessado no assunto.
Anónimo,
É verdade que os "grandes iluminados" da nossa sociedade que escrevem sobre os "desportos radicais" consideram patetiçes o tipo de ideias veiculadas neste blog. É tambem verdade, e basta fazer uma leitura pelos imensos blogs que falam sobre estes assuntos, que a pobreza de espírito abunda e que muitos dos "grandes escritores" destes assuntos têm uma visão estreita e limitadíssima. O que me preocupa não é necessariamente a sua falta de visão, mas sim a possibilidade de contaminarem a "opinião pública" com os seus chavões e palavras de ordem sempre direccionadas para a necessidade imperativa (segundo eles) de tornar o surfar num banal produto de consumo desprovido de alma e feito para ganhar dinheiro.
O Altar Mar insere-se dentro de uma mentalidade e forma de ver as coisas que procura estabelecer outros critérios e objectivos que nada têm que ver com os dominantes actuais. Posto isto vou continuar a escrever de modo a poder servir de contra-ponto.
Obrigado pela tua participação.
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