Num desses estudos era apresentado um panorama no qual 10 Km de costa portuguesa com ondas de qualidade e que tivessem em permanência 2000 (dois mil) turistas a ficarem na zona uma semana representaria uma receita anual de 100 milhões de euros. Ora 2000 turistas divididos por 10 Km daria 200 turistas por cada km ou seja 5 pessoas por metro, o equivalente à lata de sardinhas. Acrescentando a estes 2000 turistas outros 2000 residentes (certamente que serão muitos mais) dá para entender que algo iria correr muito mal com todos estes muitos mil praticantes dentro de água a disputarem ondas e claro está que esses 2000 turistas apenas teriam acesso aos restos de ondas que os residentes (já de si demasiados) lhes deixassem. Exemplos negativos como este são uma realidade na Austrália, California, Canárias e no Havai com todas as consequências negativas conhecidas ao mesmo tempo que continuam a existir projectos de engenharia marítima que poêm em risco alguma ondas conhecidas e que atraem milhares de turistas.
Até entendo a lógica bem intencionada de quem fez este estudo que teria como finalidade mostrar que a preservação das ondas poderia ser uma mais valia para a economia de uma região, mas na realidade este estudo é apenas baseado em factores técnicos esquecendo o factor humano que é o mais importante e complexo na avaliação de qualquer situação. Por outro lado colocar a questão apenas no dualismo: turismo massificado versus destruição das ondas é reduzir as opções, anular a democracia em que vivemos (ainda é uma democracia, não é? ou pelo menos dizem-nos que sim...) e apresentar argumentos errados para a resolução dos problemas ao mesmo tempo que se criam novos problemas em cima dos já existentes.