18/01/08

Sobre o Regresso ao Mar


Regressar ao Mar e reaprender nesta evolução constante.

Após algum tempo fora de água durante o mês de Dezembro regressei em Janeiro ao Mar. Para mim a noção de regressar ao mar tem dois significados totalmente distintos, mas que acabam por estar intimamente ligados. Se por um lado o facto de não poder correr ondas durante 3 semanas me fez sentir falta de Mar e água salgada, por outro lado relembrou-me uma ideia que tive há uns anos atrás e que inconscientemente sempre me guiou até me aperceber da sua existência.

A espécie humana (tal como toda a vida na Terra) segundo os cientistas provém do Mar. Provém de um organismo aquático que ao evoluir começou a passar cada vez mais tempo em terra seca até que por fim abandonou por completo (ou quase por completo) o meio líquido de onde teve origem. A meio do processo, ou em fase de "retrocesso/regresso", estão os mamiferos marinhos como as focas, golfinhos e baleias, os quais tal como nós humanos também surfam, e sem dúvida da forma mais pura que existe. Dei por mim a pensar que em todo o processo evolutivo, nós humanos, enquanto espécie perdemos (ou nunca tivemos) um objectivo geral, consciente e comum que nos conduzisse (talvez no tempo das cavernas fosse a sobrevivência e hoje em dia seja o consumismo que move a grande parte dos humanos "civilizados") e que a nossa evolução foi, e é, acima de tudo ditada por factores exteriores (acima de tudo ambientais e climáticos) à nossa consciência e vontade individual, quer como pessoas quer como espécie. A evolução humana nunca foi uma opção, mas sim uma consequência de vários factores externos que condicionaram e moldaram aquilo que somos hoje.

Neste contexto a opção humana de voltar ao Mar enquanto espécie e tornar-se um mamifero marinho seria um objectivo e um propósito a ser seguido pelas gerações que a isso se dedicassem. Não me parece impossível que, se o ser humano passar voluntáriamente mais tempo dentro de água, aumentando gradualmente a sua adaptação ao meio aquático de geração em geração, dentro de várias décadas ou séculos passariamos a estar cada vez mais ambientados e fisicamente adaptados a viver dentro de água. Com uma adaptação completa o Homem passaria a viver tal como os golfinhos, focas e baleias dentro de àgua.

Surfar seria assim um acto fisicamente inverso ao actual pois em vez de deixarmos terra firme para entrar em contacto com as Ondas, deixariamos temporáriamente, durante uns breves momentos, de estar submersos para vir à superfície, não para respirar, mas sim para correr ondas e apenas surfar...

Sobre o Altar Mar II

Durante o ano de 2008 irei manter a filosofia de pensamento utilizada até agora, procurando porém apresentar temas e acrescentar situações que permitam aprofundar o conceito de Soul Surfing numa perspectiva místico-filosofica com um carácter transcendental, como algo que está para além de mero aspecto físico espacio-temporal. Talvez esta perpectiva não seja aceite por todos, e será certamente recusada por todos aqueles que não a conseguem entender, porém penso que é extremamente importante apresentar novas formas de olhar para o Mar, mesmo que apenas interessem a uma minoria.

Quanto ao sentido crítico e anti-comercial do Altar Mar, estará igualmente presente e será usado sempre que pretenda manifestar o meu desagrado face a uma situação ou acontecimento. Para quem ao longo do último ano visitou este blog e aqui encontrou algo de interessante (deixando ou não um comentário) convido a passar mensalmente por este espaço online, visto que todos os meses irei inserir um novo tema, o qual deixo sempre aberto para debate e comentários.

Para mais informações sobre os objectivos e ideologia deste blog consulta:
http://altarmar.blogspot.com/2007/01/sobre-o-altar-mar.html