O Cão de Guarda é o defensor dos interesses do surf/bodyboard business, para ele surfar resume-se a campeonatos, marcas, revistas, patrocínios, sendo que na sua perspectiva as Ondas são acima de tudo ou apenas um palco para o negócio e os praticantes de "desportos de ondas" meros consumidores passíveis de serem influenciados a comprar este ou aquele produto ou a assumir determinado comportamento de consumo. A função principal do Cão de Guarda é conduzir os Carneiros e defender o seu dono. A preocupação fundamental do Cão de Guarda não são as ondas, sim a forma como estas ondas podem ser usadas comercialmente, os videos e as fotografias que nelas podem ser feitas e a forma como poderão (eles próprios) aparecer nos diversos meios de comunicação. O Cão de Guarda tem uma fome insaciável de aparecer, de ser conhecido e de ser visto.
O Cão de Guarda apresenta-se de duas formas: Cão de Guarda de Marca, que representa as cores do seu dono (a quem chama patrocinador) ao mesmo tempo que tudo faz para se autopromover; e o Cão de Guarda Rafeiro que não tem qualquer tipo de apoios e que na ânsia de se tornar mais importante tudo faz para promover de forma generalizada a indústria, tendo a certeza que está a fazer algo de muito positivo e útil, ainda que não saiba bem explicar o quê. Em ambos os casos têm uma veneração doentia por ostentar os símbolos das marcas, que julgam eles, serem a coqueluche dos desportos de ondas. Alguns cães de guarda julgam que são patrocinados, mesmo quando apenas lhes dão uma barbatana e têm que comprar a outra, ou no caso mais ridículo, quando apenas lhes dão autoculantes de marcas, com que alegremente se adornam.
Normalmente o Cão de Guarda escreve em blogues, jornais, fóruns, revistas ou qualquer outro meio que lhe permita transmitir as suas ideias e tentar convencer alguém a comprar qualquer coisa, ou promover-se a si ou ao seu dono. Uma característica do Cão de Guarda é a forma agressiva como reage sempre que alguém critica o comportamento da indústria, de outros iguais a si, das revistas ou das marcas. O Cão de Guarda de Marca defende ferozmente as marcas a quem presta vassalagem (hoje uma, amanhã outra tal como um vil mercenário), o Cão de Guarda Rafeiro defende tudo o que esteja relacionado com o contexto, pois acha que se devem desenvolver e massificar os desportos de ondas de modo a que os Cães de Guarda de Marca possam viver das respectivas modalidades e que os seus patrocinadores enriqueçam, pois na sua ignorância ingénua surfar foi algo inventado por uma qualquer marca ou revista (a quem todos deveriam venerar), não conseguindo entender que o que estas fizeram foi transformar algo que já existia num produto de consumo, limando para tal as arestas necessárias.
Um dos aliados do Cão de Guarda é o Abutre, o qual na realidade não surfa (ainda que tenha uma prancha no seu ninho). O Abutre sendo alguém que não surfa vive da exploração das ondas, normalmente sob a forma de fotografias ou videos, que vende a quem mais lhe paga, sendo-lhe completamenta indiferente as consequências do excesso de divulgação dessas mesmas ondas. Para o abutre quantos mais nas ondas melhor, pois assim maiores são as possibilidades de obter mais lucros. O Cão de Guarda e o Abutre são a antítese, o contrário e a negação do Lobo Soliário (e também do Coiote...), do seu espírito, dos seus ideias e da sua forma descomprometida materialmente e pura de Estar e de Ser encontrando-se em lados totalmente opostos e inconciliáveis.
PS: após a publicação deste texto foram acrescentadas algumas linhas de modo a que todo o sentido do mesmo seja mais explícito, ainda que de forma metafórica.
10 comentários:
Tu és o maior cão de guarda, escreves num blogue, apresentas tres pranchas de marca no teu blogue, para elém disso és um cão de guarda com disturbio da personalidade, com fobia social do espectro autista. Muda-te para uma caverna no "O meu ideal de paraiso...uma onda solitária rodeada pela natureza"
Escrevi eu neste texto:
"Uma característica do Cão de Guarda é a forma agressiva como reage sempre que alguém critica o comportamento da indústria, de outros iguais a si, das revistas ou das marcas."
Posto isto, já estaria a espera de comentários "mui agradáveis" que oportunamente passarei a publicar a par da devida resposta. Claro está que comentários de baixo teor intelectual ou excessivamente ofensivos serão obviamente desprezados.
Anónimo,
Escrevo-te do alto da minha caverna rodeada pela Natureza e da qual avisto incontáveis Ondas de extrema qualidade. Por aqui está sempre entre o clássico e o épico e surfo sempre sozinho.
Posto isto e dentro da lógica metafórica-satírica-hiper-realistica com que escrevi esta segunda parte de um texto que tanto te agradou passo a responder-te.
É óbvio que não me identifico em nada com a figura descrita no mesmo e a única razão pela qual escrevo neste blog é o intuito de servir de contra-ponto a toda uma lógica mercantilista e obscurantista que degrada o acto de correr vagas de mar e com a qual penso que te identificas. Se houvesse outros a escrever sobre estes assuntos provavelmente eu não o faria.
Quanto às pranchas que apresento no blog, posso garantir-te que já são "antigas" e que actualmente já tenho outras. Todas são usadas até a exaustão. O problema não é ter pranchas, mas sim pensar que a essência de surfar reside em comprar os últimos modelos com as cores e materiais da moda. Todas as minhas pranchas passam por um intenso (e secreto...) ritual de purificação de cerca de 30 dias, através do qual deixam de ser um mero objecto de consumo transformando-se em extensões do próprio corpo. A partir desse momento ganham uma nova energia, quase mística, diria eu.
Agradeço a tua participação pois sem ela não teria hipótese comprovar parte daquilo que descrevo neste texto.
Não te Trates não!!!
"Normalmente o Cão de Guarda escreve em blogues, jornais, fóruns, revistas ou qualquer outro meio que lhe permita transmitir as suas ideias e tentar convencer alguém a comprar qualquer coisa, ou promover-se a si ou ao seu dono"
Queres mudar mentalidades mas vives tb no "lodo" das tuas proprias ideias o que estas a tentar divulgar não é tão original como pensas só que nunca vai passar disso ,utopias.
O meu tratamento consiste em Ondas buracaças com àgua pela cintura em cima de lages afiadissimas, normalmente com 7 metros e cheio de tubarões.
Quando não está bom para surfar (rarissimo aqui na zona da minha caverna) faço natação (com tubarões), alongamentos e um tipo de yoga secreto que um antigo corredor de vagas me ensinou.
Conheces algum tratamento melhor que este?
Caro Luis,
Quanto ao "lodo das minhas próprias ideias" como referes, acho positivo que cada um de nós viva de acordo com aquilo em que acredita. Se tudo isto for um lodo faço do meu percurso de vida como corredor de vagas algo similar à Flor de Lótus que nasce no fundo de pântanos escuros e vai subindo em busca da claridade até se libertar e atingir o seu auge.
Quanto à originalidade, não tenho o objectivo de ganhar nenhum prémio de melhor escritor de ficção, mas infelizmente não encontro muitas fontes dentro do espírito do Altar Mar. Se souberes de algumas faz me o favor e indica-me onde as posso encontrar de modo a que possa partilhar ideias com outros que se dão ao trabalho de escrever sobre estas coisas.
Quanto a tudo o que escrevo ser uma útopia, acho mais estimulante viver para realizar útopias do que para estar amarrado e conformado com realidades redutoras e pouco interessantes, tal como aqueleas que os media mainstream do surf e bodyboard se fartam de enunciar.
Conversa de um "brainwashed" depressivo do ioga!
Caríssimo António,
Permite-me algumas correcções:
1) O Yoga que pratico não é depressivo é antes um Yoga Marcial de características transcendentais, desenvolvido por uns monges antigos como forma de se defenderem de ursos, javalis, panteras e...outras feras.
2) Nesta sociedade poluída é essêncial lavar o cérebro de modo a que este se liberte de toda a sujidade e propaganda emitida pela confraria de que, talvez, faças parte.
Posto estas pequenas correcções dedico-te uma célebre frase escrita num lugar muito conhecido, onde até se realizam provas intercontinentais de prancha de andar nas ondas e de desportos radicais. Ora cá vai: "SOME TONI"
Sinceramente não me apetece estar com batalhas verbais(escritas).E viajar, viajo para mim.
Mas já vi que es de convicções fortes ,gosto disso em qualquer pessoa,por isso vês que que a tua intransigência não me afeta.Esclarecida esta parte a questão do termo "lodo" vêm exactamente do exemplo do teu texto que deixei anteriormente,criticas o Cão de Guarda mas lê com atenção o que escreveste.
Quanto á tua originalidade devo dizer que essas tuas ideias fazem parte de um conjunto de idiais de todos, principalmente dos mais antigos,mas que se vão perdendo no tempo."Se não os consegues vencer junta-te a eles",e eu acrescento ...e se conseguires tira algum proveito disso ( não estou a falar de dinheiro).
Tenho em consideração a tua resposta e continua a apanhar as tuas Boas Ondas.
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