27/05/08

Corredores de Vagas de Mar



Em homenagem aos amigos, conhecidos e desconhecidos que fazem parte desta associação, deixo abaixo estes princípios ideológicos. Seria bom que mais pessoas entendessem a verdadeira essência da "arte de correr vagas de Mar".

Estatutos Ideológicos

1. Respeitar a arte de correr vagas de mar, tanto como actividade física, bem como a actividade espiritual, defendo-a de qualquer tipo de agressão que degrade a existência desta dualidade.

2. Proteger as ondas existentes de todas as acções que diminuam a sua qualidade inata, para a prática deste prazer de viver.

3. Criar novas ondas.

4. Defender o livre acesso a qualquer onda, em qualquer lugar, sempre.

5. Reduzir as situações de alto risco, no acesso ás ondas existentes, bem como as que forem restringedoras da máxima perfeição.

6. Rejeitar todas as actividades retrógradas, tendentes á anulação ou ao rebaixamento deste prazer de viver, até ao nível de um mero objecto de consumo, de natureza comercial, massificada, egocêntrica, chauvinista, agressiva, violenta, prepotente, sujeita a horários e incomoda para a paz de espírito.

7. O único campeonato que é louvável, é o que e feito no dia a dia, dentro da Alma de cada eterno aprendiz da perfeição.

8. A única onda privatizável, é a que é apanhada no ”pico”, ou atrás dele.

9. O único Troféu a cobiçar, é a felicidade pura e simples.

10. Usar o papel que nos é dado pelo destino, perante uma vida em perigo, salvando-a.

18 comentários:

Anónimo disse...

À luz da velha máxima «A Arte pela Arte» - Ars gratia Artis - diria eu «A Onda pela Onda».
A Onda e o que ela proporciona a quem corre nela... alheios a quaisquer outros fins ou valores que não os do puro prazer de viver. =)

Altar Mar disse...

Exactamente LaraR.

Nestes estatutos ideológicos está bem patente tudo o que verdadeiramente interessa em relação a correr Vagas de Mar. Tudo o resto são meras alegorias pouco importantes...

Obrigado por deixares o teu comentário.

Altar Mar disse...

MC,

O teu "amen" foi eliminado por engano, mas fica aqui o registo.

choco disse...

esta partiu tudo...nao há palavra melhores para defenir um "homem do mar"..lindo
adorei....só falta a foto...
spotdoxoco.blogspot

Anónimo disse...

Intelectualizas demais...! Se concordasses realmente com o que escreves, provavelmente surfavas de paipo ou alaia e não com um bodyboard da era moderna! Além disso não tinhas visto o filme "Litmus", no qual gastaram dinheiro (imagina tu...o vil metal)! Man regas dos corredores de vagas??! Realmente é giro de ver...mas se queres saber... as regras dos corredores de vagas acho que são simplesmente se divertir e tirar o maior partido do mar...sem o prejudicar..nem a terceiros! faz as tuas e relaxa!

Anónimo disse...

então o comentario que enviei não foi aceite?

Altar Mar disse...

Anónimo,

Cá está publicado o teu comentário. Não sou censurador e apenas não publico comentários cujo conteúdo é ofensivo ou de baixo teor intelectual.

Não estou à espera que a maior parte de quem lê o Altar Mar concorde com o que aqui está escrito, pois vai no sentido oposto àquilo que é massificadamente veiculado nos "surf/bb media" os quais são actualemente os (de)formadores de opinião de forma generalizada.

A perspectiva não-comercial de surfar não deve ser confundida com "maçariçe" ou com uma ideia retrogada do que será surfar. Esta perspectiva não comercial (ou ligada à vertente "soul surfing" o que põe é o ponto fulcral noutras questões ligadas às Ondas sem ter preocupações com marcas ou business. Neste aspecto estes Corredores de Vagas expressam bem esse tipo de outras preocupações ou interesses.

Quanto ao facto de intelectualizar demasiado pode explicar-se da seguinte forma: Numa primeira fase surfar é apenas divertimento, como referes e bem. Porém com o passar dos anos começamos (alguns, ou seja, aqules que se interessem por isso) a entender que existe algo muito para lá do simples divertimento, o qual apesar de estar sempre presente, passa a ser apenas uma componente de algo muito mais vasto e que pode mesmo passar os limites do fisico-sensorial.

Para alguns estas ideia serão apenas teorias abstratas ou invenções, para outros será algo de concreto baseado nas experiências (quase-místicas) individuais. Para entender esta difrença é necessário chegar lá sozinho é não há muito que se possa tentar dizer ou explicar, pois não irá ser correctamente entendido. Apesar dide ter esta noção em breve vou escrever outro texto que eventualmente poderá ser útil na explicação desta diferença.

Sempre que te interessar deixa o teu comentário.

Anónimo disse...

Explicar o inexplicável. Gastar latim. Mas fica o exercício intelectual.

PS: Sem querer meter a foice em seara alheia, acho que o comentário do "anónimo" (assinar fica sempre bem...) não é "ofensivo" nem de "baixo teor intelectual" (seja lá o que for isso...), acho que nestas coisas, como em tudo o que é actividade estética (no caso, surfar), todos os juízos são válidos.

Boas Ondas

Anónimo disse...

Sem dúvida caro amigo, faço orgulhosamente parte dessa "mística" corrente dos corredores, e ela fala por si... correr vagas transcende muita discussão efémera pois no momento, na hora certa no dia certo e no local certo, quem já "passou de nível" consegue saboreá-lo doutra forma...

Mas cada um tem de lá chegar sozinho.

Para mim surf não é um "desporto", obviamente que também tem uma vertente de exercício físico, mas chamar o surf de desporto per se é super redutor...

Muitos nem sabem a essencia do surf como começou, a arte, a tradição, a honra, valores pré-ocidentais e pré-megalomaníacos/comerciais que passaram durante muitos anos de geração em geração...

Mesmo tendo nascido no século XX, alguns de nós tentam viver essa essência, camuflada por entre reflexos lilazes e por entre sons dispersos... quem "já passou de nível" sabe do que estou a falar...

De qualquer maneira bem hajam e boas ondas para todos, pois todos deviam sentir o que é isso, talvez não existisse tanta parvoíce neste mundo...

Carlos Leal

Altar Mar disse...

Amigo Carlos,

Está aqui uma prova de que o lado metafísico é uma realidade que supera as distâncias. Apesar do afastamento kilométrico são muitas as ocasiões em que surfo contigo, com o B. e com outros igualmente distantes.

Para a maioria das pessoas que surfam, o que consta neste blog é quase incompreensivel, dado a cegueira imposta pelos media que tendem a tudo reduzir a mero negócio ou desporto.

Penso que o teu comentário responde a várias questões que me são colocadas por aqui, pelo que faço totalmente minhas as tuas palavras.

Grande abraço e convido-te a deixares regularmente a tua opinião.

Boas Ondas e que a Mãe de Todas as Ondas se mantenha viva e intacta por mais uns quantos milhares de anos.

Altar Mar disse...

M.C

Questionar e explicar o inexplicável tem sido o sonho de todos os grandes homens da história da Humanidade. Com a devida diferença limito-me a lançar ideias de forma a que cada um se questione e chegue às suas conclusões.

Altar Mar disse...

M.C

Questionar e explicar o inexplicável tem sido o sonho de todos os grandes homens da história da Humanidade. Com a devida diferença limito-me a lançar ideias de forma a que cada um se questione e chegue às suas conclusões.

Faria disse...

Estar mais de acordo com a máxima de "privatização daquela onda que se conquistou" (através daquilo que somos em relação a ela (pico) ou do bom senso tido) é impossível!
A garantia de livre acesso, na minha opinião, faz-se mediante uma espécie de código-costumeiro, do bom senso e da bondade pessoal!
"Ser local" é ser sensato o suficiente para se ter a percepção que se deixar de o ser num qualquer outro sítio, o que não implica qualquer desvantagem ou prejuízo!Aprendamos o que tenhamos que aprender lá fora e ensinemos o que temos que ensinar cá dentro! "Ser Local" para mim passa por ter uma mentalidade desta natureza!Digo isto crendo e tendo esperança numa pacificação do ambiente dentro de água! Boas ondas para todos!

Anónimo disse...

Caro amigo,

Em tudo o que escreves não se entrevê um único pensamento original. São tudo ideias recicladas e previamente veiculadas pelos mesmos media que tanto desprezas, a começar pelo tão acarinhado e anacrónico conceito de "soul surfing". Isto tudo não passa de uma enorme trip do teu ego, que denota inadaptação social, recalques mal resolvidos e o velho hábito de se levar demasiado a sério. Não te iludas com a sensação de complexidade. As tuas ideias são tão simplistas quanto óbvias são as fontes que citas. Eu poderia recomendar-te algumas obras realmente complexas sobre a arte de correr ondas, mas como foram escritas por algumas dessas almas vendidas do mundo dos media, acho que seria pura perda de tempo. Os corredores de vagas do mar... pois. Estou à espera de uma única contribuição/retribuição desses tipos para com o oceano ou para com o desporto que tanto lhes deu. Fight the real enemy!

Altar Mar disse...

Caro anónimo,

Desculpa não te tratar por "amigo", mas este conceito juntamente com o de soul surfing são demasiado profundos para serem usados com leviandade.

A minha noção de soul surfing é certamente diferente da tua, pois implica algo que não é comercializável ou vendável nem compativel com o mero negócio do falso "surfing way of life" que certamente aprovas e em que te revês.

Em relação aos Corredores de Vagas em causa, talvez não seja fácil entenderes a sua grande contribuição no contexto em causa, pois não fazem campeonatos (promovem em vez disso encontros em que não há vencedores nem vencidos), nem se vendem aos media em troca de uns miseros momentos de suposta glória numa qualquer revista.

Em tudo o que dizem apenas reconheço uma coisa acertada, pois na realidade existe alguma inadaptação da minha parte em relação à palhaçada que o surf/bb business se tornou.

Fico à espera para conhecer qual a tua contribuição/retribuição... para com o oceano ou para com o desporto que supostamente tanto te deu.

Qual é mesmo o verdadeiro "enemy"?

Até à próxima.

Anónimo disse...

Bom, já aqui foi dita tanta coisa que não vale a pena voltar a dizer... concordo na totalidade com ALtar Mar e o Carlos...
Mas queria acrescentar, sr anonimo, que uma coisa é ser "soul surfer" e outra é intitular-se "soul surfer". Quem deseja ser soul surfer porque acha piada ao conceito começa por reparar nessa vertente através dos media como dizes no teu comentario e bem, só que se calhar só conheceste até agora "soul surfers" que se autointitulam... Porque os verdadeiros soul surfer, na sua maioria, nem liga a isso, simplesmente o é... São pessoas que pegam na sua prancha e VÂO em busca da sua onda perfeita sem fotos ou videos, com companhia ou sem companhia, seja essa onda no fim do mundo ou ao lado de casa... Eras capaz de largar tudo e partir para uma terrinha sem surfistas locais so porque lá dão altas ondas sem dezenas de surfistas impulsionados pela media que não dão o devido valor? Se sim, então podes ser ou compreender a postura soul surf... se não e não conheces ninguem assim é normal que não compreendas... nunca presenciaste... O verdadeiro soul surfer VIVE o surf, deixa tudo para tras, e tudo por um momento de comunhão com as ondas... Eu não sou um soul surfer... Adoro o conceito mas estou demasiado preso ao conforto do meu lar, dos meus amigos, e adoro ver fotos minhas e ver videos e revistas de surf... Mas, felizmente, talvez devido ao local onde vivo, já conheci vários que considero soul surfer... E todos eles vivem em função do mar. O mar não é o seu local de recreio, é o seu lar... As ondas não são o seu ídolo mas sim o próprio mar....

Altar Mar disse...

A.

Existem coisas na vida que são para serem sentidas e pouco ou nada vale tentar explicá-las a quem não as quer entender. Faço a minha parte e tento partilhar algumas ideias alternativas ao modelo comercial que domina o contexto de surfar. Quem as quiser entender mais profundamente, terá que o fazer por si próprio de modo a que tire as suas próprias conclusões.

Espero que compreendas o facto de ter colocado apenas A. na assinatura teu comentário.

Altar Mar disse...

A.

Agradeço a tua contribuição na tentativa de explicar, muitas vezes a quem não quer entender, o que significa o conceito de soul surfing na pratica. Existem por esse mundo fora vozes que dizem não haver diferença alguma entre soul e comercial e que os conceitos são totalmente compativeis e que nada tem de opostos. Há quem julgue até que o conceito soul é algo que pode ser comercializado sem que se perca o seu sentido. Há quem julgue ainda que os Morangos com Açucar são os modernos soul surfers, isto porque usam o último grito da moda em surfwear e porque são muita malucos e coiso e tal. O media dizem e quem neles acredita vai atrás...