21/02/10

Ilha da Madeira...


Dada a falta de palavras suficientes para descrever os efeitos do temporal na Madeira (e à impossibilidade de contacto até à presente data) deixo a todos os amigos Corredores de Vagas madeirenses e familiares um voto de solidariedade nestes dias complicados.

A irmandade entre Corredores de Vagas estende-se muito para além dos momentos vividos no cristalino Oceano.

07/02/10

Metáforas I: O Lobo Solitário, o Coiote, o Cão de Guarda e o Carneiro (Parte II)


O Cão de Guarda é o defensor dos interesses do surf/bodyboard business, para ele surfar resume-se a campeonatos, marcas, revistas, patrocínios, sendo que na sua perspectiva as Ondas são acima de tudo ou apenas um palco para o negócio e os praticantes de "desportos de ondas" meros consumidores passíveis de serem influenciados a comprar este ou aquele produto ou a assumir determinado comportamento de consumo. A função principal do Cão de Guarda é conduzir os Carneiros e defender o seu dono. A preocupação fundamental do Cão de Guarda não são as ondas, sim a forma como estas ondas podem ser usadas comercialmente, os videos e as fotografias que nelas podem ser feitas e a forma como poderão (eles próprios) aparecer nos diversos meios de comunicação. O Cão de Guarda tem uma fome insaciável de aparecer, de ser conhecido e de ser visto.

O Cão de Guarda apresenta-se de duas formas: Cão de Guarda de Marca, que representa as cores do seu dono (a quem chama patrocinador) ao mesmo tempo que tudo faz para se autopromover; e o Cão de Guarda Rafeiro que não tem qualquer tipo de apoios e que na ânsia de se tornar mais importante tudo faz para promover de forma generalizada a indústria, tendo a certeza que está a fazer algo de muito positivo e útil, ainda que não saiba bem explicar o quê. Em ambos os casos têm uma veneração doentia por ostentar os símbolos das marcas, que julgam eles, serem a coqueluche dos desportos de ondas. Alguns cães de guarda julgam que são patrocinados, mesmo quando apenas lhes dão uma barbatana e têm que comprar a outra, ou no caso mais ridículo, quando apenas lhes dão autoculantes de marcas, com que alegremente se adornam.

Normalmente o Cão de Guarda escreve em blogues, jornais, fóruns, revistas ou qualquer outro meio que lhe permita transmitir as suas ideias e tentar convencer alguém a comprar qualquer coisa, ou promover-se a si ou ao seu dono. Uma característica do Cão de Guarda é a forma agressiva como reage sempre que alguém critica o comportamento da indústria, de outros iguais a si, das revistas ou das marcas. O Cão de Guarda de Marca defende ferozmente as marcas a quem presta vassalagem (hoje uma, amanhã outra tal como um vil mercenário), o Cão de Guarda Rafeiro defende tudo o que esteja relacionado com o contexto, pois acha que se devem desenvolver e massificar os desportos de ondas de modo a que os Cães de Guarda de Marca possam viver das respectivas modalidades e que os seus patrocinadores enriqueçam, pois na sua ignorância ingénua surfar foi algo inventado por uma qualquer marca ou revista (a quem todos deveriam venerar), não conseguindo entender que o que estas fizeram foi transformar algo que já existia num produto de consumo, limando para tal as arestas necessárias.

Um dos aliados do Cão de Guarda é o Abutre, o qual na realidade não surfa (ainda que tenha uma prancha no seu ninho). O Abutre sendo alguém que não surfa vive da exploração das ondas, normalmente sob a forma de fotografias ou videos, que vende a quem mais lhe paga, sendo-lhe completamenta indiferente as consequências do excesso de divulgação dessas mesmas ondas. Para o abutre quantos mais nas ondas melhor, pois assim maiores são as possibilidades de obter mais lucros. O Cão de Guarda e o Abutre são a antítese, o contrário e a negação do Lobo Soliário (e também do Coiote...), do seu espírito, dos seus ideias e da sua forma descomprometida materialmente e pura de Estar e de Ser encontrando-se em lados totalmente opostos e inconciliáveis.


PS: após a publicação deste texto foram acrescentadas algumas linhas de modo a que todo o sentido do mesmo seja mais explícito, ainda que de forma metafórica.