29/08/09

A Publicidade torna-nos estúpidos. A Publicidade toma-nos por estúpidos


Esta é a regra nº1 para quem leia uma revista de surf ou bodyboard
. As revistas de bodyboard e surf tem, de forma generalizada, como objectivo primeiro vender algo. Muitas afirmam-se como as responsáveis pelo desenvolvimento dos "desportos de ondas" ao mesmo tempo que promovem a defesa dos interesses dos seus praticantes, mas na verdade e na prática pouco ou nada mais fazem do que impingir modelos de comportamento tendo em vista o consumo das marcas que nelas anunciam.

Quase tudo numa revista é publicidade, quer seja esta paga ou não, directa ou indirecta, explicita ou encoberta. Como? As incessantes páginas de publicidade são a primeira linha e a mais óbvia, porém as entrevistas e as fotos com as marcas patrocinadoras estrategicamente colocadas têm como objectivo fazer passar uma mensagem: quem usar a marca X vai ser igual ao fulano que é campeão e que usa essa mesma marca. Esta é a base estratégica de toda a indústria do bodyboard e do surf: tentar convencer-nos que se comprar-mos os produtos que os "prós" usam seremos iguais a eles. Aqui reside a dualidade que dá origem ao título deste deste texto. Por um lado a publicidade julga que apenas por transmitir algo consegue convercer o público (ou seja toma-nos por estúpidos), por outro é bem verdade que pela "força" das mensagens transmitidas muitos se deixam facilmente convencer abdicando do seu sentido crítico (ou seja tormam-se estúpidos).

Lembro-me de ler algo sobre a estratégia de Marketing usada por uma grande marca, a qual fez coincidir a inserção de publicidade dos novos calções de um mega campeão do mundo com a distribuição antecipada e massificada desses mesmos calções em todas as lojas em que era vendia. A ideia era criar a necessidade (de ter os tais calções) e consequentemente provocar um comportamento de compra (o de comparar os tais calções).

Termino este texto com três questões. O que se poderá pensar de alguém que vai a correr comprar uns calções apenas porque são de um qualquer campeão do mundo? O que se deverá pensar das marcas de surf e bodyboard que usam todos os estratagemas possiveis e imaginários para impor os seus ideiais mercantilistas à comunidade com o objectivo de transformar cada um de nós num mero consumidor? O que pensar destas marcas e dos seus "cães de guarda" que visam o lucro fácil através da transformação da Arte de Correr Vagas de Mar num mero produto de consumo massificado, descaracterizado e estereotipado?