18/07/09

A "Sociedade Secreta" Irlandesa





















O barco mercantil dos exploradores sem alma brevemente será afundado...

Existe na Irlanda um movimento de Corredores de Vagas
cujo objectivo é travar, impedir e sabotar as iniciativas do surf-business. Antes da chegada deste Verão conheci um Corredor de Vagas irlandês, que após entender a minha perspectiva em relação às Ondas e ao acto de Surfar me falou de um grupo de conterrâneos seus que se opõem ao actual modelo de desenvolvimento dos chamados "desportos de ondas", baseado única e exclusivamente no negócio materialista, obliterando completamente a vertente espiritual desta actividade. Tentei em vão procurar na internet mais informação sobre este grupo, dai o título de "sociedade secreta". Pelo que sei é composto por corredores de vagas das várias disciplinas existentes nesta arte, os quais tem inspirações eco-ambientalistas passando pelo druismo e filosofias similares que buscam o encontro entre o ser humano e a sua Mãe Natureza. Sempre que possivel constroem as suas próprias pranchas e recusam o máximo possivel qualquer ligação ao "business" mercantil em que o mundo das Ondas se tornou. Paralelamente desenvolvem frequentemente actividades de boicote a campeonatos, divulgação de Ondas em surfmags e todo o tipo de acções que visem por um lado divulgar a vertente "soul" e por outro impedir que o lado comercial tome conta da zona onde habitam.

Em Portugal este tipo de mentalidade pró-activa e anti-comercial encontra alguns pólos de actividade, sendo nas Regiões Autónomas que se verificam os mais fortes sinais da sua existência, dado que no rectangulo continental o lado obscuro do negócio já consporcou quase totalmente o panorama com as consequências que se conhecem, sem que dai não tenha vindo nada de positivo para quem surfa por amor à arte.

Durante muitos anos a Cocovama açoriana pôs em prática o lema "Soul surfers são benvindos. Surfistas profissionais e fotógrafos vão para casa", nesta perpectiva recebiam bem quem sabia respeitar a essência das coisas e convidavam a ir embora os que não vinham por bem...

Na Madeira, apesar de "não-organizado" existe um movimento que fez frente e impediu a realização de campeonatos internacionais que alguns "gurus" continentais desejavam organizar na Região. O seu argumento é simples e credível: a realização destes campeonatos nada tráz de positivo, servindo apenas para explorar as Ondas sem qualquer tipo de benefício para os residentes que surfam. Por outro lado iria dar razão às autoridades madeirenses que afirmam que as continuas construções marítimas em nada afectaram a qualidades das Ondas. Qualquer um sabe que algumas destas Ondas foram seriamente afectadas e outras completamente destruidas.

Posto isto, são de louvar todos os que não se submetem à vontade alheia e que se batem pela manutenção de valores que vão muito mais além do que a vontade do vil metal e dos seus seguidores.