O mundo das ondas na sua vertente comercial é um nunca mais acabar de falsidades, oportunismos e outras situações pouco claras e dúvidosas onde tudo vale em troca do vil metal. Quem surfa é visto apenas como um consumidor e o acto de Correr Vagas de Mar tornou-se num produto, tal como um sabonete, uma pasta de dentes ou outra qualquer coisa que se possa comprar num vulgar supermercado. Antes que surjam os comentários oportunistas, refiro mais uma vez que não sou contra a existência de marcas de bodyboard ou surf, o que sou é contra é o modelo baseado exclusivamente no lucro que as marcas comercias impõem. Que me "desculpem" os ofendidos ou os visados.
Algumas Verdades Inconvenientes:
1)As mentalidades de quem surfa estão tão condicionadas e manipuladas. Que quem atacar ou simplesmente discordar do que é dito pelos "grandes gurus" do surf/bodyboard business é automaticamente olhado de lado e ostracisado. As marcas passaram a ser o simbolo social das ondas, sendo para muitos mais importantes do que as mesmas.
2) O conteúdos dos media da especialidade é totalmente dominado pelas marcas anunciantes. Os artigos e textos contidos nas revista e sites comerciais tem como objectivo servir os interessses das marcas que nestes anunciam, o que condiciona o tipo de informação distribuido de forma a influênciar o modo de pensar dos leitores, o que pode ser considerado como uma forma de falta de liberdade de impresa e manipulação. Esta situação tem como objectivo transformar os leitores em consumidores e apoiantes das iniciativas desenvolvidas pelas marcas em particular e pelo negócio de uma forma geral. A prova desta situação está no facto não ser possivel(ou rarrissimo) encontrar artigos de opinião que critiquem a forma de actuação de determinada marca ou de iniciativas associadas ao negócio das ondas.
3) Os campeonatos não são eventos desportivos, mas sim eventos promocionais, que visam única e exclusivamente promover comportamentos de compra. O que se pretende é promover os patrocinadores e patrocinados de modo a que se crie a ideia: se o "campeão" usa a marca A e venceu o campeonato então qualquer um que use a marca A poderá ser igual ao "campeão". Através de estatégias de marketing usa-se a ingenuidade, imaturidade e até pobreza de espirito dos espectadores/consumidores para alcançar objectivos meramente comerciais. Recentemente gerou-se a falsa ideia de que os campeonatos são úteis para a preservação das Ondas, pois contribuem para a sensibililazação das autoridades para a não construção de estruturas que destruam as Ondas e para evitar ou acabar com a poluição do Mar em zonas onde são praticados "desportos naúticos". O (falso) argumento é que só valorizando o lado económico se poderá dar valor as Ondas e assim preservá-las. Alguns factos que provam que os campeonatos (e a massificação dos desportos de ondas) em nada contribui para resolver o problema:
- Na Madeira eram realizados campeonatos internacionais, existem associações desportivas ligadas ao surf e bodyboard e a divulgação das ondas é um facto. Posto isto duas ondas conhecidas foram extintas e outras duas muito conhecidas sériamente danificadas. Ainda não acabou...
- Em Peniche (autodenominada a capital da onda), onde quase semanalmente se realizam campeonatos, onde foi inaugurado um Centro de Alto Rendimento para o Surf (!!!), onde os "atletas" dentro de águas, o turismo de surf e as escolas são demasiadas. Apesar disto no Molhe Leste desagua diariamente uma ribeira/esgoto de água preta nauseabunda. No Molhe Leste são realizados campeonatos. Ainda no continente, em Ribeira d'ilhas (a suposta meca do surf nacioanal segundo a Câmara Municipal de Mafra) a Etar construida deita para o canal da onda as águas provinientes do "tratamento" de esgotos, a qual segundo os engenheiros até serve para regar os jardim...mas não serve para ser bebida, "mas a surfar não se bebe àgua" dizem os engenheiros entendidos. Não são raras as vezes em que há suspeitas bem reais de que durante a noite há descargas sem tratamento. Existem clubes, campeonatos, muitos campeonatos e crowd, muito crowd. A continuação de exposição de exemplos seriam infinita.
- Em Mallaea, em Maui (Havai) na grande meca do surf mundial, com campeonatos, fotografos...(e tudo o resto x50) a onda mais rápida do mundo está ameçada pela construção de uma marina.
- Em Jefery's Bay, uma onda superlotada, com muitos campeonatos por ano e numa zona onde a população de praticantes é exorbitante, está ameaçada...
Uma ida ao site savethewaves.org demonstra a quantidade de lugares amplamente conhecidos e reconhecidos a nivel mundial onde existem ondas ameaçadas, o que demostra que a massificação não resolve nada e apenas acrescenta mais problemas aos existentes.
4) O discurso pseudo ecologista/ambientalista dos promotores do surf/bodyboard business é baseado na hipocrisia. Não existe difrença alguma entre um promotor imobiliário que olha para um espaço natural não urbanizado e ai constroi uma série de condominios e um promotor do negócio das ondas que olha para uma praia como um empreendimento onde instala surf schools e actividades baseadas no aumento de pessoas na água. Esta comparação é exactamente igual para quem divulga ondas desconhecidas como o intuito de se auto promover ou ganhar dinheiro com fotografias das mesmas. O principio base presente nas situações é exactamente o mesmo: a ganância. Quer o promotor imobiliário quer o promotor do negócio das ondas pegam num determinado espaço e destroem as suas características de modo servirem os seus interesses monetários. Se quem surfa não tem qualquer pudor em explorar (e destruir ou descaracterizar determinada realidade), que legitimidade tem em criticar o promotor imobiliário que faz o mesmo no seu campo de actuação ou negócio?
5) A guerra entre o surf e o bodyboard é uma imbecilidade liderada por imbecis. Numa primeira fase este conflito tinha uma razão territorial, pois face a uma nova "espécie" (o bodyboard), a "espécie" vigente (o surf) sentiu-se invadida, o que gerou situações de mal estar e uma rejeição inicial em relação aos praticantes de bodyboard. Apesar de ter um carácter duvidoso este conflito inicial poderá ser entendido ainda que não aceite como argumento. Actualmente este conflito ganhou um contorno sinistro, pois passou a ter por base questões comerciais. Existem abertamente disputas de patrocionios e correspondentes dinheiros entre o surf e o bodyboard. Existe mesmo quem incentive esta guerra meramente por questões de publicidade em revistas. Ambos os lados reclamam ser os detendores das maiores façanhas aquáticas de modo a que isso revertam em apoios estatais, publicidade e patrocinios. A guerra actual é meramente uma guerra comercial, na qual o surf, simplesmente não quer saber do bodyboard. Por seu lado os mentores do bodyboard comercial reclamam de tudo e de todos como se a existencia ou não de apoios fosse realmente importante para quem quer surfar.
6) Os preços dos materiais usados para surfar é desmesuradamente inflacionado desde o seu custo de produção até ao preço de venda. Acualmente a maior parte da indústria do surf e bodyboard deslocou as suas fábricas para o Oriente, onde a mão de obra é mais barata, onde os salários são irrisórios e os direitos dos trabalhadores quase inexistentes. Posto isto conseguem-se preço de custo muito baixos, o que aumenta exponencialmente os lucros na venda final dos produtos ao consumidor. Recentemente alguém ligado á venda de prancha de bodyboard em Portugal dizia-me que o preço de fabrico médio de uma prancha seria de 15 euros (refiro-me a pranchas de qualidade media/alta produzidas na maior fábrica de prancha do mundo instalada na Indónésia). Estas mesmas pranchas dependendo da marca ou modelo têm um preço final entre 200 e 250 euros, o que corresponde a uma inflação de mais de mil porcento (1000%) no custo final. Esta mesma equação aplica-se certamente a todo o material fabricado naquela parte do Oriente: restos de petróleo+mão de obra barata+exploração laboral = altos lucros.
Lendo este pequeno texto tirado do iol.pt pergunto-me onde está o retorno social e ambiental destas marcas a nível nacional e mundial. Não deveriam estes "senhores" dar um contributo visivel para questões ambientais, construção de fundos artificiais etc, etc, etc. "Só em Portugal, as lojas de venda de produtos relacionados com o surf, como a Quiksilver, Billabong e Rip Curl, movimentam entre 30 e 40 milhões de euros por ano. Só a Quicksilver, líder do mercado, facturou em 2008 cerca de 13 milhões de euros e a casa-mãe mais de mil milhões de euros, posicionando-se já como a quinta maior marca de desporto do mundo."
1)As mentalidades de quem surfa estão tão condicionadas e manipuladas. Que quem atacar ou simplesmente discordar do que é dito pelos "grandes gurus" do surf/bodyboard business é automaticamente olhado de lado e ostracisado. As marcas passaram a ser o simbolo social das ondas, sendo para muitos mais importantes do que as mesmas.
2) O conteúdos dos media da especialidade é totalmente dominado pelas marcas anunciantes. Os artigos e textos contidos nas revista e sites comerciais tem como objectivo servir os interessses das marcas que nestes anunciam, o que condiciona o tipo de informação distribuido de forma a influênciar o modo de pensar dos leitores, o que pode ser considerado como uma forma de falta de liberdade de impresa e manipulação. Esta situação tem como objectivo transformar os leitores em consumidores e apoiantes das iniciativas desenvolvidas pelas marcas em particular e pelo negócio de uma forma geral. A prova desta situação está no facto não ser possivel(ou rarrissimo) encontrar artigos de opinião que critiquem a forma de actuação de determinada marca ou de iniciativas associadas ao negócio das ondas.
3) Os campeonatos não são eventos desportivos, mas sim eventos promocionais, que visam única e exclusivamente promover comportamentos de compra. O que se pretende é promover os patrocinadores e patrocinados de modo a que se crie a ideia: se o "campeão" usa a marca A e venceu o campeonato então qualquer um que use a marca A poderá ser igual ao "campeão". Através de estatégias de marketing usa-se a ingenuidade, imaturidade e até pobreza de espirito dos espectadores/consumidores para alcançar objectivos meramente comerciais. Recentemente gerou-se a falsa ideia de que os campeonatos são úteis para a preservação das Ondas, pois contribuem para a sensibililazação das autoridades para a não construção de estruturas que destruam as Ondas e para evitar ou acabar com a poluição do Mar em zonas onde são praticados "desportos naúticos". O (falso) argumento é que só valorizando o lado económico se poderá dar valor as Ondas e assim preservá-las. Alguns factos que provam que os campeonatos (e a massificação dos desportos de ondas) em nada contribui para resolver o problema:
- Na Madeira eram realizados campeonatos internacionais, existem associações desportivas ligadas ao surf e bodyboard e a divulgação das ondas é um facto. Posto isto duas ondas conhecidas foram extintas e outras duas muito conhecidas sériamente danificadas. Ainda não acabou...
- Em Peniche (autodenominada a capital da onda), onde quase semanalmente se realizam campeonatos, onde foi inaugurado um Centro de Alto Rendimento para o Surf (!!!), onde os "atletas" dentro de águas, o turismo de surf e as escolas são demasiadas. Apesar disto no Molhe Leste desagua diariamente uma ribeira/esgoto de água preta nauseabunda. No Molhe Leste são realizados campeonatos. Ainda no continente, em Ribeira d'ilhas (a suposta meca do surf nacioanal segundo a Câmara Municipal de Mafra) a Etar construida deita para o canal da onda as águas provinientes do "tratamento" de esgotos, a qual segundo os engenheiros até serve para regar os jardim...mas não serve para ser bebida, "mas a surfar não se bebe àgua" dizem os engenheiros entendidos. Não são raras as vezes em que há suspeitas bem reais de que durante a noite há descargas sem tratamento. Existem clubes, campeonatos, muitos campeonatos e crowd, muito crowd. A continuação de exposição de exemplos seriam infinita.
- Em Mallaea, em Maui (Havai) na grande meca do surf mundial, com campeonatos, fotografos...(e tudo o resto x50) a onda mais rápida do mundo está ameçada pela construção de uma marina.
- Em Jefery's Bay, uma onda superlotada, com muitos campeonatos por ano e numa zona onde a população de praticantes é exorbitante, está ameaçada...
Uma ida ao site savethewaves.org demonstra a quantidade de lugares amplamente conhecidos e reconhecidos a nivel mundial onde existem ondas ameaçadas, o que demostra que a massificação não resolve nada e apenas acrescenta mais problemas aos existentes.
4) O discurso pseudo ecologista/ambientalista dos promotores do surf/bodyboard business é baseado na hipocrisia. Não existe difrença alguma entre um promotor imobiliário que olha para um espaço natural não urbanizado e ai constroi uma série de condominios e um promotor do negócio das ondas que olha para uma praia como um empreendimento onde instala surf schools e actividades baseadas no aumento de pessoas na água. Esta comparação é exactamente igual para quem divulga ondas desconhecidas como o intuito de se auto promover ou ganhar dinheiro com fotografias das mesmas. O principio base presente nas situações é exactamente o mesmo: a ganância. Quer o promotor imobiliário quer o promotor do negócio das ondas pegam num determinado espaço e destroem as suas características de modo servirem os seus interesses monetários. Se quem surfa não tem qualquer pudor em explorar (e destruir ou descaracterizar determinada realidade), que legitimidade tem em criticar o promotor imobiliário que faz o mesmo no seu campo de actuação ou negócio?
5) A guerra entre o surf e o bodyboard é uma imbecilidade liderada por imbecis. Numa primeira fase este conflito tinha uma razão territorial, pois face a uma nova "espécie" (o bodyboard), a "espécie" vigente (o surf) sentiu-se invadida, o que gerou situações de mal estar e uma rejeição inicial em relação aos praticantes de bodyboard. Apesar de ter um carácter duvidoso este conflito inicial poderá ser entendido ainda que não aceite como argumento. Actualmente este conflito ganhou um contorno sinistro, pois passou a ter por base questões comerciais. Existem abertamente disputas de patrocionios e correspondentes dinheiros entre o surf e o bodyboard. Existe mesmo quem incentive esta guerra meramente por questões de publicidade em revistas. Ambos os lados reclamam ser os detendores das maiores façanhas aquáticas de modo a que isso revertam em apoios estatais, publicidade e patrocinios. A guerra actual é meramente uma guerra comercial, na qual o surf, simplesmente não quer saber do bodyboard. Por seu lado os mentores do bodyboard comercial reclamam de tudo e de todos como se a existencia ou não de apoios fosse realmente importante para quem quer surfar.
6) Os preços dos materiais usados para surfar é desmesuradamente inflacionado desde o seu custo de produção até ao preço de venda. Acualmente a maior parte da indústria do surf e bodyboard deslocou as suas fábricas para o Oriente, onde a mão de obra é mais barata, onde os salários são irrisórios e os direitos dos trabalhadores quase inexistentes. Posto isto conseguem-se preço de custo muito baixos, o que aumenta exponencialmente os lucros na venda final dos produtos ao consumidor. Recentemente alguém ligado á venda de prancha de bodyboard em Portugal dizia-me que o preço de fabrico médio de uma prancha seria de 15 euros (refiro-me a pranchas de qualidade media/alta produzidas na maior fábrica de prancha do mundo instalada na Indónésia). Estas mesmas pranchas dependendo da marca ou modelo têm um preço final entre 200 e 250 euros, o que corresponde a uma inflação de mais de mil porcento (1000%) no custo final. Esta mesma equação aplica-se certamente a todo o material fabricado naquela parte do Oriente: restos de petróleo+mão de obra barata+exploração laboral = altos lucros.
Lendo este pequeno texto tirado do iol.pt pergunto-me onde está o retorno social e ambiental destas marcas a nível nacional e mundial. Não deveriam estes "senhores" dar um contributo visivel para questões ambientais, construção de fundos artificiais etc, etc, etc. "Só em Portugal, as lojas de venda de produtos relacionados com o surf, como a Quiksilver, Billabong e Rip Curl, movimentam entre 30 e 40 milhões de euros por ano. Só a Quicksilver, líder do mercado, facturou em 2008 cerca de 13 milhões de euros e a casa-mãe mais de mil milhões de euros, posicionando-se já como a quinta maior marca de desporto do mundo."