No presente momento vivemos o período da Usurpação, no qual a Indústria (do surf, bodyboard e afins) tomou para si todo o controlo do contexto dos agora denominados "desportos de ondas". A Indústria com a colaboração dos média projecta na sociedade toda uma série de (falsos) "idolos" competidores e free-riders patrocinados que se apresentam como modelos de um modo de vida, o qual todos os restantes praticantes devem seguir. Claro está que para ser um surfista (ou simlar) moderno cada um de nós deve ter todo um conjunto de objectos materiais que façam de nós aderentes miltantes ao "surfing way of life", tendo sempre como deus uma qualquer marca, a qual devemos seguir e idolatrar sem questionar. As marcas passaram a ser tudo. As marcas passaram a ser indissociáveis das Ondas, chegando mesmo tornarem-se mais importantes do que as Ondas: o patrocinado pela marca x apanhou a maior Onda do mundo e só fez porque na sua aventura mediática usou o prancha z ou o fato y. Este passou a ser o pensamento actual aceite pela maioria dos ditos surfistas.
É deste modo necessário que se processe uma Revolução de mentalidades que tranforme cada praticante num indivíduo dotado de uma consciência bastante mais abrangente do que a actual, na qual somos apenas consumidores amorfos e paineis publicitários através do surf-wear. Com esta Revolução de mentalidades a Indústria será forçada a tomar o seu devido lugar: servir quem a sustenta ao invés de se servir sem qualquer retorno social ou ambiental. Aqui terá inicio a fase da Devolução.
Na fase da Devolução a indústria terá necessariamente, por via da evolução da mentalidade dos praticantes, que servir e contribuir de forma positivamente activa na sociedade e no contexto das actividades de Ondas. Deixará de ser o topo para ser o sustento, deixará de a raínha para se tornar a serva. Deste modo o largos milhares ganhos com o surf, bodyboard e afins (considero tudo amesma indústria) serão usados não para comprar barcos e aviões para explorarem as Ondas, mas sim em projectos de carácter ecológico e ambiental, não para financiar viagens milionárias a equipas de patrocinados pelo mundo, mas sim para financiar projectos de protecção a Ondas ameaçadas, construção de fundos artificiais que permitam aumentar a qualidade das Ondas existentes, e escoar o número de praticantes em determinadas zonas costeiras. A indústria passará a a usar o dinheiro ganho não apenas e unicamente para se sustentar, mas sim para servir o interesse real de quem a sustenta. Será assim obrigada a tornar-se uma indústria consciente. Cabe a cada um de nós tornar esta Devolução uma realidade.